O buraco do umbigo

Eu aceito erros e derrotas. Sei o valor que cada uma tem. Não costumo me iludir com vitórias ou etapas concluídas. Como todo ser humano, quero sempre mais... mas não do "mais" alheio, que o "mais" de mim, e isso é sempre. Seria isso me cobrar demais? Não tenho essa resposta, e é bem provável que também não a queira.
Passei um bom tempo esquecendo de mim, deixando que as linhas do tempo e do mundo fossem me mostrando um caminho. Foi bom isso, assim descobri que as rédeas estão nas minhas mãos e não nas dos outros. Digo isso pra mim, por mim. E pode pensar que é um texto egoísta, egocentrista ou qualquer "ista" mais que encontre... o fato é que sua vida, seu destino, estão em suas mãos; sorte e destino ajudam a potencializar suas vontades, mas não os use como centro prima para algo.
Texto egoísta? Talvez, mas vez por outra temos que olhar pro nosso próprio umbigo, para podermos nos entender, nos conhecer e nos permitir fazer o que for melhor para nós mesmos e, consequentemente para aqueles que nos cercam.
Lembrei de algo que há muito cultivava: preciso estar bem para fazer o bem. E que assim seja.
Egoísta este texto? Sim, um pouco... mas não por maldade e sim por necessidade.

E aqui vai a letra de uma musiquinha que curto e que compartilho:


O buraco do espelho

o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar aqui
com um olho aberto, outro acordado
no lado de lá onde eu caí

pro lado de cá não tem acesso
mesmo que me chamem pelo nome
mesmo que admitam meu regresso
toda vez que eu vou a porta some

a janela some na parede
a palavra de água se dissolve
na palavra sede, a boca cede
antes de falar, e não se ouve

já tentei dormir a noite inteira
quatro, cinco, seis da madrugada
vou ficar ali nessa cadeira
uma orelha alerta, outra ligada

o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar agora
fui pelo abandono abandonado
aqui dentro do lado de fora


(foto de Rita Cavaco, blog: criacria.com / música de Arnaldo Antunes)

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