"Antes do" ... palavras ou imagens?
E finalmente pude ver os dois primeiros filmes onde duas
pessoas estão interligadas de forma instantânea e tão antiga, que chega a se
perder no tempo. Me refiro aos filmes “Antes do...” (amanhecer e pôr do sol).
Confesso que relutei por um tempo em ver, mas não por pensar
que seriam ruins ou cansativos, mas sim pelo fato de ter certeza que, pela
forma como foi conduzido, seria uma excelente forma de contar uma história tão
atual e presente, que chega a não haver um momento para essas coisas acontecer.
Calma, tenho que separar a história da produção.
Um filme onde todo ele é baseado em diálogos, poderia dar a impressão
de ser fácil de rodar... mas não é. O primeiro “calo” que pode surgir em algo
feito assim, é a continuidade. Não apenas na emenda dos diálogos, mas também no
ambiente, na arte, figurino, cabelos... enfim, um inferno pra controlar. Quando
se tem uma ação numa cena, algo de descontinuidade passa despercebido... mas
vai fazer isso onde o foco é o ambiente ou personagem, explode aos olhos. E
nesse aspecto, ambos os filmes são muito bem tocados. Também poderia falar dos
planos usados, onde também falam por si. Ou seja, ambientes e circunstâncias
perfeitas para o que o clima pedia.
Por outro lado, temos o jogo de ideias sacudidas assim, na
nossa cara, sem dó, sem pena. Num instante nos maravilhamos com alguma
situação, em outro estamos desconfortáveis ou sorrindo com alguma colocação posta
nos diálogos... algo que já passamos, ou pensamos ou fizemos... e assim vai do
começo ao fim. Os diálogos dinâmicos e concentrados no eixo da permeabilidade
social, vão evoluindo por assuntos tão triviais que até esquecemos, às vezes,
que eles existem. Nos trás de volta à realidade, mesmo sendo arremessado aos
delírios fantasiosos de nossos desejos aventureiros de conhecer alguém assim,
no livre ato da liberdade.
Bons filmes, apaixonantes, sensíveis e um tanto cruéis. Quer
fórmula melhor para juntar o jovem americano Jesse (Ethan Hawke) e a francesa
Céline (Julie Delpy)?
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